16 de julho de 2019
Foto: reprodução Brasil de Fato

O ex-diretor-superintendente da Odebrecht Carlos Armando Paschoal disse à Justiça de São Paulo que foi coagido a “construir relato” no caso do sítio de Atibaia, em que o ex-presidente Lula foi novamente condenado sem uma única prova. Paschoal, que também foi condenado no mesmo processo, fez um acordo de colaboração premiada com os procuradores, a quem fez duras críticas. Essa é a segunda denúncia de coação envolvendo os agentes da Lava Jato.

Em 2016, procuradores da força-tarefa foram acusados de coagir uma mulher e seu filho de 8 anos ao tomar depoimento dela sem mandado, sem presença de advogado, às 6h da manhã. O caso foi denunciado pelo líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta.

Já no acordo de colaboração no caso do sítio, o ex-diretor denunciou que foi coagido durante depoimento prestado ao Tribunal de Justiça de São Paulo no dia 3 de julho. Ele foi chamado como testemunha em um processo sobre improbidade administrativa que não tem relação com o sítio.”No caso do sítio, que eu não tenho absolutamente nada, por exemplo, fui quase que coagido a fazer um relato sobre o que tinha ocorrido. E eu, na verdade, lá no caso, identifiquei o engenheiro para fazer a obra do sítio. Tive que construir um relato”, disse Paschoal segundo a reportagem do UOL.

Ao longo da audiência no TJ-SP, o ex-diretor foi questionado sobre o acordo de delação firmado com o Ministério Público Federal. O advogado dele, Igor Tamasauskas, questionou o fato de delatores terem de falar sobre atos praticados por outras pessoas. “Porque numa colaboração você confessa atos próprios, crimes próprios, ou improbidades próprias”, disse o defensor. Paschoal, por sua vez, respondeu: “sem nenhuma ironia. Desculpa, doutor. Precisava perguntar isso para os procuradores lá da Lava Jato”, respondeu Paschoal.

Questionado sobre o que seria “construir um relato”, o ex-diretor disse que teria que apontar algo como “olha, aconteceu isso, isso, isso e isso; e eu indiquei o engenheiro para fazer as obras”. No processo do sítio, Paschoal foi condenado a 2 anos de prisão, em regime aberto, por lavagem de dinheiro. Ele recorreu da sentença ao TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), que ainda irá analisar o caso.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do UOL.