13 de fevereiro de 2020
Foto: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou o Papa Francisco no Vaticano hoje. Na legenda da foto postada na sua conta do Twitter, Lula diz que os dois conversaram sobre “um mundo mais justo e fraterno”.

“Encontro com o Papa Francisco para conversar sobre um mundo mais justo e fraterno”, escreveu.

De acordo com a assessoria do ex-presidente, o encontro durou cerca de uma hora.

Depoimento adiado
O encontro entre Lula e Francisco só foi possível após uma decisão da Justiça Federal, que adiou o depoimento que o ex-presidente daria para a Operação Zelotes – inicialmente marcado para o último dia 11, data de sua viagem para a Europa.

O juiz Ricardo Augusto Soares Leite autorizou o adiamento, e a audiência foi remarcada para o dia 19. Lula retorna ao Brasil no sábado (15).

O encontro foi intermediado pelo recém-eleito presidente da Argentina, Alberto Fernández. Em janeiro passado, os dois se reuniram e conversaram por quase uma hora.

Conversa ainda não divulgada
O Partido dos Trabalhadores ainda não confirmou detalhes da conversa. Havia uma expectativa de que, no encontro, eles falariam sobre as condenações de Lula e a Amazônia – o bioma tem sido assunto recorrente na Igreja Católica e foi o tema do Sínodo para a Amazônia, realizado em outubro passado.

O sínodo especial (tipo de evento que aborda uma região específica) foi anunciado em 2017 pelo Papa Francisco. A reunião é uma ferramenta para o papa consultar e acompanhar debates sobre o tópico, e desenvolver materiais de orientação para o clero.

Anteontem, o papa publicou uma ‘exortação’ (um tipo de documento que orienta os fiéis) no site do Vaticano citando o texto “Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para Ecologia Integral”, preparado após o encontro.

“O nosso é o sonho de uma Amazônia que integre e promova todos os seus habitantes, para poderem consolidar o ‘bem viver’ (…) Pois, apesar do desastre ecológico que a Amazônia está a enfrentar, deve-se notar que «uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”, enuncia um trecho do primeiro capítulo da exortação, denominado pelo Papa de “Querida Amazônia”.

No texto, o papa também critica governos que utilizam de argumentos da linha “não entregar a Amazônia”.

“Para aumentar esta confusão, contribuíram alguns slogans, nomeadamente o de «não entregar», como se a citada sujeição fosse provocada apenas por países estrangeiros, quando os próprios poderes locais, com a desculpa do progresso, fizeram parte de alianças com o objetivo de devastar, de maneira impune e indiscriminada, a floresta com as formas de vida que abriga”, escreveu Francisco.

Troca de cartas
Em abril passado, poucos dias antes de completar um ano de prisão na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, o ex-presidente Lula escreveu uma carta ao Papa Francisco na qual ele afirma estar lutando pela sua inocência.

“Só estou preso porque os poderosos querem destruir toda a rede de proteção e cuidado que construímos para os excluídos”, escreveu Lula em 5 de abril de 2019, e finalizou o texto com “Gostaria de contar com o seu apoio e amizade. Reze por mim”.

Um mês depois, Francisco respondeu a carta do ex-presidente. Nela, ele citou um discurso que havia feito no primeiro dia do ano, no qual defendeu que a política deveria ser um instrumento para “criar condições para um futuro justo e digno”.

“Tendo presente as duras provas que o senhor viveu ultimamente, especialmente a perda de alguns entes queridos – sua esposa Marisa Letícia, seu irmão Genival Inácio e, mais recentemente, seu neto Arthur de somente 7 anos -, quero lhe manifestar minha proximidade espiritual e lhe encorajar pedindo para não desanimar e continuar confiando em Deus”, escreveu o papa.

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