20 de setembro de 2018

O PT organizou, com rapidez surpreendente, sob a coordenação do Ministro Celso A Amorim, um Seminário em São Paulo, no último fim de semana, para discutir as ameaças à Democracia no mundo, e conseguiu trazer para ele um grupo de tão grande expressão, como nunca se reuniu no Brasil.

Dominique de Villepin, ex-Primeiro-Ministro da França; Massimo D’Alema, ex-Primeiro Ministro da Itália; José Luís Zapatero, ex-Primeiro- Ministro da Espanha; Noam Chomsky, professor emérito do Instituto de Tecnologia de Massachussets, o mais requisitado representante do meio acadêmico dos EEUU para falar sobre temas culturais e políticos; Pierre Sané, ex-secretário-geral da Anistia Internacional e atual presidente do Imagine Africa Institute; Jorge Taiana, ex-Ministro de Relações Internacionais da Argentina; Guautémoc Cárdenas, ex-governador do Distrito Federal do México, Presidente do Centro Lázaro Cárdenas; e Carlos Ominami, ex-senador e Diretor da Fundacion Chile 21 participaram, durante todo o dia 14, das mesas de debate juntamente com os brasileiros Marilena Chauí, Professora-Emérita da Faculdade de Filosofia da USP, e Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-Ministro da economia e Professor Emérito da Fundação Getúlio Vargas SP.

Discutiram, sim, e com grande lucidez e objetividade, os problemas da Democracia no mundo. Mas, obviamente, falaram com mais ênfase do Brasil, da crise brasileira atual, e da perseguição ao grande líder brasileiro Luiz Inácio Lula. Quase todos passaram antes por Curitiba para visitar Lula.

Na verdade, interromperam suas carregadas agendas, abriram forçadamente espaços complicados para virem ao Brasil, precisamente para falar de Lula, sobre Lula, para Lula. Falar para o mundo, para o Brasil e para o mundo, este mundo efetivamente preocupado com a crise da Democracia e com os acontecimentos recentes que afrontam a Democracia no Brasil, neste país tão importante que é o Brasil; que foi o país mais importante do mundo nos primeiros anos do século, como o país-referência nas políticas de combate à fome, aquele que levou a todo o mundo a prioridade deste tema tão essencial à humanidade, e que foi, também, o único a conseguir realizar uma significativa redistribuição de renda em favor dos mais pobres. O único país no mundo. E, ainda, a realizar crescimento bastante positivo no seu PIB. O único no mundo!

Vieram dizer isto, com o saber de suas experiências e com a altitude de suas estaturas políticas.

Obviamente, nem de longe vou pretender resumir a essência de suas falas.

Mas é óbvio, também, que o fizeram com a maior competência, com a mais límpida clareza, com a força das suas argumentações. E algumas frases, algumas asserções, alguns comentários penetram com mais força e ficam retidos com mais destaque na mente de cada um de nós. Estes destaques que reporto a seguir não são os mais relevantes nem os mais reveladores mas os que mais penetraram e ecoaram na minha alma.

Chomsky, por exemplo, ressaltou que seu país, os Estados Unidos, foi o primeiro a praticar a democracia no mundo moderno mas que, hoje, nesta democracia, você pode prever os resultados, conhecer de antemão até a composição do Congresso, pela ordem dos valores das arrecadações que os candidatos conseguem para suas campanhas. Seus membros representam seus financiadores, não mais seus eleitores.

Zapatero enalteceu muito a grande importância do Brasil pela sua presença mundial no combate à fome, na erradicação da pobreza, na redistribuição da renda e na criação dos BRICS e de suas instituições financeiras alternativas, decisivas para o desenvolvimento do mundo. E sustentou que o dever maior da esquerda é não perder a confiança nos valores que defende, nos seus ideais, que acabarão por se impor à humanidade como um dever moral

Dalema sustentou que, se o Brasil conseguir manter em prática a democracia, sem privilégios ou perseguições a partidos ou ideais, ele certamente resolverá seus problemas econômicos e sociais, num prazo não muito longo. Fez analogias com a posição do Partido Comunista Italiano, na época de Berlinguer, que sustentava a democracia, a prática democrática como um caminho que, certamente, chegaria ao socialismo, sem os riscos da Revolução e da Ditadura do Proletariado.

Sané, valendo-se da rica experiência africana, foi crítico ao legado do colonialismo no Continente, afirmando que Democracia não se aprende ou ensina pela força; que o colonialismo não abriu a estrada da Democracia mas dos golpes e das guerras que se seguiram à sua retirada. Só agora a África começa a construir a sua Democracia. Para ele, a Democracia é o governo dos humildes, pelos humildes, para os humildes.

Afirmou, também, que as decisões e regras emitidas pela ONU são para serem honradas e respeitadas, como um compromisso sério derivado da adesão dos países a esta ordem mundial. O descumprimento leva as nações responsáveis à perda de credibilidade perante as demais.

Sané vê o Brasil como um líder mundial das novas tendências políticas da Humanidade.

Marilena Chauí sustentou que o neoliberalismo conduz, inevitavelmente, a uma homogeneização das Instituições do País sob a forma de Empresa. O próprio Estado Nacional finda se comportando como uma empresa, transformando a Política em gestão empresarial. Até mesmo o indivíduo acaba sendo um empresário de si mesmo, atuando sob o princípio da competição, que desencadeia rivalidades, ressentimentos, até ódios, destruindo, dia a dia, os sentimentos próprios dos membros de um grupo, como o afeto, o companheirismo, a solidariedade.

Lázaro Cárdenas afirmou a insustentabilidade de um sistema como o neoliberalismo, que transformou o México num país em que 53% da população é de pobres e 23% é de muito pobres, miseráveis. Um país de renda média, das mais altas da América Latina, que tem este nível de pobreza não pode ter um conteúdo de moralidade alto, ou mesmo médio, entre seus cidadãos; tem, necessariamente, que ser um país de corrupção e criminalidade. Só agora, com a eleição do novo presidente, Lopez Obrador, haverá condições de iniciar uma reversão política e, com o tempo, mudar este quadro imoral e insano e retomar o projeto desenvolvimentista no México.

Bem, tive o privilégio de passar um dia inteiro a escutar essas personalidades que viveram o poder em seus países, e no mundo através da presença internacional de seus países. E que enxergam o Brasil como um a nação de grande importância na cena mundial. Que consideram Lula o grande líder dos brasileiros e dos povos oprimidos e explorados em geral.

Saí enriquecido de ideias, agradecido ao PT, à Fundação Perseu Abramo e ao Ministro Celso Amorim, que tiveram a iniciativa e a coordenação do Seminário, e fortalecido, muito fortalecido nas minhas convicções a respeito do significado do Brasil no mundo, da grandeza da missão do Brasil no mundo, como também da força e da dimensão da liderança de Lula no mundo. Não será nosso Presidente mas seguirá sendo nosso grande líder entre as nações do mundo, o que talvez seja melhor, para não se submeter aos desgastes do Poder e continuar ainda mais respeitado e acatado como o líder brasileiro capaz de intermediar conflitos e produzir soluções em direção a um novo mundo de paz e negociações e entendimentos.

Brasil, Potência da Paz!

Lula seu grande líder!

 

Conversa Afiada