13 de março de 2020
Foto: reprodução / Agência Pública

Chats publicados ontem (12) pela Agência Pública na série #VazaJato mostram que a força-tarefa de Curitiba organizou, em sigilo, uma visita de pelo menos 17 agentes norte-americanos ao Brasil para realizar investigações sobre a Petrobras.

Os agentes, pertencentes ao Departamento de Justiça (DoJ) e ao FBI, se reuniram com os procuradores da Lava Jato na sede do Ministério Público em outubro de 2015, com o objetivo de receber informações detalhadas sobre o andamento da operação e iniciar negociações para delação premiada com os executivos investigados.

A delegação dos Estados Unidos conversou com 16 delatores na ocasião e recebeu dicas dos procuradores sobre como contornar as leis brasileiras para fechar os acordos. Segundo a legislação brasileira, as entrevistas só poderiam ter sido realizadas após pedido formal de colaboração (MLAT), através do Ministério da Justiça.

Os agentes do Departamento de Justiça atuavam com base na FCPA – Foreign Corrupt Practices Act, uma lei em vigor desde os anos 80 que autoriza investigar e punir atos de corrupção fora do território dos Estados Unidos.

Cerca de um ano após a visita, a Odebrecht e a Braskem (petroquímica associada à Petrobras) fecharam acordo com o DoJ para pagamento de uma multa no valor de US$3,2 bilhões aos EUA. O valor foi posteriormente reduzido para US$ 2,6 bilhões. Já a Petrobras se comprometeu a pagar US$862,560 milhões, segundo acordo firmado em 2018.

A multa à Petrobras, sua repartição e os possíveis destinos do valor estiveram na agenda das tratativas entre a força-tarefa da Lava Jato e os norte-americanos desde o início, revelou outra matéria da Agência Pública divulgada no mesmo dia.

Para o ex-presidente Lula, as revelações comprovam que a Petrobras era o alvo do Departamento de Justiça e do FBI. “Pode ter certeza que o golpe que nós sofremos tem a ver com o interesse dos americanos no petróleo”, disse durante um evento em Berlim.

Com informações da Agência Pública e do Intercept. Leia a íntegra das reportagens aqui, aqui e aqui.