Angela Davis reforça clamor internacional por Lula Livre no Brasil
A escritora, ativista e acadêmica estadunidense Angela Davis reforçou o clamor internacional pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no encerramento do seminário internacional intitulado ‘Democracia em Colapso?’, na cidade de São Paulo.
Ao levantar o braço com o punho fechado, a professora de filosofia da Universidade da Califórnia, que já sentiu na pele o que é ser vítima de uma reclusão injusta, aceitou como seus os gritos pela liberdade de Lula, que cumpre prisão política desde o dia 7 de abril de 2018.
Confira o vídeo:
Exteriorizou também a sua solidariedade com Janice Ferreira da Silva, conhecida como Preta, líder do Movimento dos Sem Teto (MTST), recentemente libertada através de um habeas corpus que ainda impõe restrições aos seus direitos.
Mencionou ainda Marielle Franco, a vereadora do Partido Socialismo e Liberdade, executada em março de 2018.
‘Quando discursei em Goiânia (capital do estado de Goiás), ainda que o povo estivesse de luto por Marielle, pelo golpe de Estado contra Dilma Roussefff e pelo encarceramento de Lula, continuava mostrando determinação na luta pela liberdade’, recordou a ativista diante de um auditório abarrotado no Serviço Social do Comércio (SESC).
Davis apontou que ‘Marielle sabia que a liberdade é uma luta constante e que a leva adiante aqueles que lutam contra a homofobia, o racismo e outras formas de opressão’.
Durante a sua conferência, a filósofa assinalou as similitudes entre o governo de Jair Bolsonaro e Donald Trump, e disse que o político brasileiro de ultra-direita ‘parece identificar-se com as ditaduras militares’.
Denunciou que ‘o capitalismo está destruindo o planeta e a democracia do sistema segue sendo minoritária’.
Explicou também que ‘a democracia, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, é uma democracia racista porque exclui negros, é misógina porque exclui as mulheres, é elitista porque exclui os pobres, incluídos os homens brancos, e também exclui portadores de necessidades especiais’.
Organizado pelo Sesc e pela Editora Boitempo, o foro reuniu cercade 50 convidados nacionais e internacionais ao longo de cinco dias, para um debate abrangente sobre as origens e diferentes perspectivas históricas, políticas e sociais que definem o conceito de democracia.
Durante sua breve estadia no Brasil, a escritora norteamericana promoverá também o seu livro Autobiografia, publicado em 1974 e escrito quando tinha 28 anos.
A obra é uma radiografia fundamental das lutas sociais nos Estados Unidos durante as décadas de 1960 e 1970, período em que se converteu em um ícone do Movimento de Libertação Negro.
No Rio de Janeiro, a ganhadora do Prêmio Lênin da Paz de 1979 irá ministrar uma conferência no dia 23 de outubro e receberá a Medalha Tiradentes, concedida pela Assembleia Legislativa deste estado.
Davis associou-se ao partido político das Panteras Negras. Em 1947, passou a formar parte do Comitê Central do Partido Comunista dos Estados Unidos.