1 de agosto de 2018

“A fome, o desemprego, a mortalidade infantil, as epidemias, a carestia, o preço do gás, o preço da comida, das passagens. Esses são os motivos principais que nos levam a fazer um sacrifício desses”, é o que explica Frei Sérgio Görgen, dirigente do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), e uma das seis pessoas que iniciaram nesta terça-feira (31) a greve de fome direcionada ao Supremo Tribunal Federal exigindo a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, Görgen destacou a importância da libertação de Lula para a recuperação da democracia no país: “para que essa situação não se torne ainda mais aguda, é preciso que o país retome a normalidade democrática, que o Lula possa ser retirado da cadeia, ele é vítima de um processo fraudulento, não é culpado daquilo do que é acusado, é um preso sem crime, um perseguido político”, expressa Görgen.

O integrante do MPA explica porque diversos movimentos populares decidiram tomar a iniciativa: “a greve de fome tem sentido quando todos os outros meios foram usados e não deram resultado, o que é o caso do Brasil. A Justiça está bloqueando as soluções jurídicas legítimas que poderiam e deveriam ter sido tomadas”.

O integrante citou exemplos históricos em que a medida foi utilizada em defesa de direitos humanos. “Não é nenhuma novidade nem uma loucura, o Martin Luther King fez greve de fome, eu estou fazendo a quinta greve de fome, o Jaime Amorim fez uma greve de fome de 11, 12 dias com a qual foi conquistado o assentamento onde ele mora. No Brasil, os presos políticos no tempo da ditadura militar fizeram greve de fome de 33 dias para terem melhores condições na prisão; o Dom Cappio fez greve de fome para que a transposição do rio São Francisco não acontecesse de forma a excluir os pobres, nem de forma a sangrar o rio para além do que ele era capaz de fornecer”.

Para o grevista, a responsabilidade pelo agravamento da crise no Brasil é do Poder Judiciário. “Hoje quem pode resolver essa situação é o Supremo, é por isso que a greve de fome é dirigida ao Supremo Tribunal Federal. Se acontecer qualquer coisa com algum dos grevistas aqui, os responsáveis são os ministros do Supremo que votaram contra o habeas corpus que garante que ninguém pode ser preso até não ser julgado em última instância, e o Lula ainda tem duas instâncias para recorrer da sentença”.

Edição: Mauro Ramos

 

Brasil de Fato