29 de agosto de 2018

Foi um circo de horrores a entrevista do Jornal Nacional desta terça-feira (28), um enfrentamento entre a direita e a extrema direita. Nada teve de original. Apenas sinalizou uma das táticas em cogitação pelo núcleo duro das classes dominantes.

A Rede Globo, de ligações notórias com todo tipo de golpismo, mola propulsora do impeachment que afastou do governo uma presidenta legítima e democraticamente eleita, cérebro, alma e voz da prisão do presidente Lula e do empenho por sua interdição na campanha eleitoral, afetou ares de democratismo e porta-voz de críticas ao reacionarismo jurássico do entrevistado. Ninguém se engane.

O Jornal Nacional já traçou o roteiro da campanha que se inicia nesta semana em cadeia de Rádio e TV, a ser executado pela candidatura tucana do ex-governador de São Paulo. O fim almejado é a polarização do neoliberalismo conservador com o fascismo destrambelhado e inviável, o último recurso para guindar o candidato do PSDB ao segundo turno.

As ruas e as sondagens eleitorais falam, porém, de outra polarização, retrato da realidade objetiva, do conflito real em curso, da tendência inexorável em desenvolvimento, do choque de contrários que prenuncia o novo.

A polarização real – que centristas tentaram negar durante toda a pré-campanha, com táticas divisionistas e ações desagregadoras contra as forças dinâmicas da esquerda – posiciona de um lado as forças democráticas, populares, progressistas e patrióticas, representadas pelos partidos da esquerda consequente e pelas organizações vivas do movimento popular, os setores verdadeiramente emergentes da sociedade, os trabaladores e oprimidos, com sua diversa coloração de combate, esperança e luta. Do outro lado, a direita retrógrada com seus diferentes tons bizarros.

O Brasil democrático e popular é a verdadeira frente ampla, a frente realmente existente, aquela que representa a unidade e a síntese da nação em luta por mudanças. Frente que se organiza em torno da candidatura de Lula, e toma forma não apenas de coligação eleitoral. É curioso que de entre membros de partidos da coligação PT-PCdoB, ouçam-se vozes defendendo a vitória do “campo democrático e popular”, sem mencionar Lula como candidato, exaltando isonomicamente o líder do PT e o candidato do PDT. Com todo o respeito a este último, aliás muito talentoso no exercício da diferenciação com Lula, a quem dirige ácidas e injustas críticas. É Lula o candidato da esquerda e quem lidera a frente ampla tal como se configura neste momento.

A unidade alcançada plasma-se como organismo de combate para governar o Brasil com a perspectiva de remover os óbices ao desenvolvimento independente da nação, à realização dos anseios do povo, dos seus direitos, o que, por óbvio, exigirá combate decidido às classes dominantes retrógradas. Obviamente, terá que empenhar-se para unir o máximo de forças políticas e sociais possíveis para ter êxito na empreitada.

Do outro lado da correlação de forças, enfileiram-se as variantes do reacionarismo, com suas nuances e diferenciações, defendendo na essência uma agenda antidemocrática, antinacional e antissocial. A propósito, momento de hilaridade durante a entrevista desta terça-feira foi quando o candidato da extrema direita sofreu críticas da Globo por estar defendendo… o programa da Globo sobre a reforma trabalhista e outras estratégias e políticas que ceifam empregos e direitos do proletariado.

Chegamos enfim à fase decisiva da campanha eleitoral, com a intensificação da cobertura midiática francamente favorável à formação de uma falsa polarização, e o início do horário eleitoral gratuito em rede de rádio e TV.

O Brasil democrático e popular cerra fileiras, mobiliza-se e vai à luta. É neste polo que reside a esperança do resgate da democracia no Brasil e o antídoto aos manejos golpistas da direita e seus veículos de comunicação. Com Lula e o povo, Lula e seus aliados.

(*) Jornalista, editor do Resistência, diretor do Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz

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